sábado, 5 de dezembro de 2015





O grande matemático e filósofo Blaise Pascal já dizia: “Se o homem não foi criado por Deus, por que só é feliz com Deus?” E ele não é o único ser inteligente a admitir que o ser humano foi criado para crer. O psicanalista Viktor Frankl, criador da logoterapia, afirmava que as pessoas só se sentem realmente plenas quando levam em conta sua natureza bio-psico-espiritual-social. Algo que, um século antes, a escritora inspirada Ellen White também defendia. Ou seja, quando nega uma das facetas de sua natureza, quer seja a física, a intelectual ou a espiritual, o ser humano se sente incompleto. Mas vivemos numa sociedade que se seculariza dia após dia. Numa sociedade que abandonou os deuses e que muitas vezes se gaba de sua descrença. Mas será mesmo que os deuses foram embora? A idolatria é coisa do passado? Não temos mais nossos panteões?
Não vou falar aqui do culto ao consumo, da idolatria futebolística, nem dos astros das séries, das novelas e do cinema. Quero falar de um fenômeno mais recente nas telas e que vem crescendo ano após ano, haja vista as muitas produções do gênero: os filmes de super-heróis. Nesta madrugada, a Warner divulgou mais um trailer do filme Batman vs. Superman, e causou o maior alvoroço. A hashtag #BatmanvSuperman e as palavras Mulher Maravilha permaneceram por muitas horas entre os assuntos mais comentados no Twitter.
O próprio diretor do filme Liga da Justiça declarou em entrevista que os personagens são relacionados aos antigos deuses gregos. Superman é por vezes associado a Zeus ou Júpiter: eles voam, são os líderes e se disfarçam de pessoas comuns e indefesas para andar entre os homens. Zeus é por si só uma paródia pagã de Jesus. Veja como ele é descrito por um crítico da série “O Reino do Amanhã”, considerada um grande clássico da DC Comics: “Extrapolando o fato de o Superman ter sido o primeiro dos super-heróis, aquele que fez nascer os demais, uma espécie de ‘Zeus’, simbolicamente falando, Waid apresenta-o assumindo uma autoridade paternalista, um veterano por trás das atitudes mais enérgicas adotadas para consertar o mundo a qualquer custo.”
Mitologia, religião e espiritualismo são as inspirações da DC Comics que chama seus três personagens principais – Superman, Batman e Mulher Maravilha – de “Trindade”. Entre seus heróis também está o Espectro, um ser ancestral que possui o corpo de homens usando-os como médiuns pelos quais desencadeia sua vingança
Na sociedade pós-moderna, o termo “ídolo” está tão banalizado que o usamos sem pensar nas reais consequências. Temos ídolos na música, ídolos do cinema e da TV, e ídolos do esporte. Eles demandam tempo e atenção e, por isso, na realidade, tornam-se deuses. Alguns os servem e cultuam e não pouco dinheiro é devotado a eles. A todos os cristãos é bom lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “Quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?” (Gálatas 4:8, 9).
A nova onda de filmes de super-heróis, favorecida pelos modernos recursos de efeitos especiais, bebeu na fonte dos quadrinhos, e ali a exaltação dos novos deuses já vinha sendo feita há um bom tempo. Na verdade, alguns títulos de histórias em quadrinhos deixam evidente a mistura de conceitos bíblicos em suas tramas. Dois exemplos são O Messias, minissérie do Batman que fez muito sucesso no fim dos anos 1980, e Kingdom Come (título que lembra o “venha o Teu reino”, da oração do Senhor), outra minissérie arrasa-quarteirão, ilustrada por Alex Ross e publicada em 1996 pela DC Comics. Essa série traz os principais personagens da DC em pinturas magistrais de Ross, que os trata como verdadeiros deuses.
No livro Nossos Deuses São Super-Heróis, Christopher Knowles diz que, “quando vê fãs vestidos como seus heróis prediletos em convenções de histórias em quadrinhos, você está testemunhando o mesmo tipo de adoração que havia no antigo mundo pagão, onde os celebrantes se vestiam como o objeto de sua adoração e encenavam seus dramas em festivais e cerimônias”.
O desenhista Alex Ross ajudou a revolucionar as histórias em quadrinhos e contribuiu grandemente para essa nova onda de exaltação dos novos deuses super-heróis. No livro Mitologia, ele diz o seguinte: “Na adolescência, você precisa ter ordem em seu mundo, e os super-heróis têm isso, um senso de ética que nunca muda. [...] Eles tratam sucintamente com questões morais, de um modo que a religião não trata. Ou melhor, a religião trata, mas de modo muito mais complicado e geralmente confuso.”
Ross é filho de um pastor protestante. Ao ler essa declaração dele, fiquei pensando no tipo de religião que lhe foi apresentado e no tipo de religião que tenho apresentado aos meus filhos. Se Ross chegou ao ponto de achar que os super-heróis tratam melhor do que a religião as questões relacionadas com moralidade, há algo de muito errado aí. Quem tem moldado a moralidade e a espiritualidade de nossas crianças e nossos adolescentes? Você está atento a isso?
Christopher Knowles faz um diagnóstico triste da situação nos Estados Unidos, que é também a de praticamente todo o mundo: “Nos EUA, a religião parece incapaz de proporcionar um mito viável de salvação nesses tempos de crise. Muitas das denominações tornaram-se pouco mais do que movimentos políticos mal disfarçados, interessados apenas em dinheiro e poder. Por outro lado, nossa cultura popular secular e exangue não tem mais espaço para o encantamento. Não é de surpreender, portanto, que filmes como Harry PotterGuerra nas EstrelasX-Men tenham aparecido para ocupar essa lacuna. Os super-heróis proporcionam uma fuga, mas de quê e para onde? Da mediocridade entorpecente da maior parte da vida moderna. [...] O mesmo impulso movimenta a crescente popularidade do Halloween entre adultos. As pessoas querem entrar no mundo mítico e tornarem-se outra pessoa, tentando se esquecer de seus problemas cotidianos.”
Precisamos encantar nossos filhos com o verdadeiro cristianismo, mas, para isso, devemos, antes, vivê-lo no dia a dia. Eles precisam contemplar em nós o resultado da íntima comunhão com Deus; o poder transformador do evangelho. Precisamos apresentar a eles o Cristo vivo que enche a vida de sentido, de paz, de alegria. Assim nossas crianças jamais serão tentadas a se voltar para os deuses de mentira em busca de algo que está tão perto delas.
Em Eclesiastes 3:11, o sábio Salomão diz que foi Deus quem colocou no coração do ser humano o anseio pela eternidade. Portanto, nada que não seja eterno vai preencher esse vazio e satisfazer esse anseio.
 
 

Novos deuses para uma sociedade secularizada


Um santo remédio
“Ensina a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6). Esse é um texto bíblico bem conhecido, mas que acaba de ser mais uma vez comprovado pelos fatos. Pesquisa recente desenvolvida por diferentes centros de estudos nos Estados Unidos constatou o que já parecia óbvio: participar de atividades religiosas desde a infância é um dos hábitos mais eficazes para evitar o uso de drogas ou abuso de álcool na adolescência e juventude. A pesquisa foi liderada pela doutora Michelle Porche e publicada num congresso acadêmico sobre superação de vícios, na Universidade de Chester, no Reino Unido. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que uma infância religiosa contribui para que o futuro jovem não tenha comportamentos de risco e acrescentaram que “a religiosidade pode ser especialmente protetora durante o período de transição da adolescência para a fase adulta”.
 
 


Fé e religião promovem saúde mental e protegem dos vícios


Em pleno planejamento, “Liga da Justiça o filme” promete reunir os mais famosos super-heróis da editora DC Comics num único filme cheio de efeitos especiais e de enorme bilheteria nos cinemas. Seu diretor declarou recentemente em entrevista que “os personagens da Liga da Justiça são relacionados aos antigos deuses gregos e esse é meu ponto de referência”.[1] Seria idolatria assistir a histórias de super-heróis? A mitologia é cheia de deuses equivalentes. Thot, Odin, Hermes e Mercúrio foram adorados como sendo a mesma entidade por diferentes povos, conforme a opinião geral de antropólogos como Mircea Eliade. Zeus, Júpiter, Baal e Teshub parecem ser os mesmos em diferentes povos. Antropólogos concordam que Vênus ou Afrodite é a adaptação da Astarote de Canaã, chamada na suméria de Inana. São esses mesmos deuses que na Bíblia são chamados de obra de mão humana, manifestações de demônios que deveriam ser destruídos. Os deuses gregos que foram combatidos pela pregação dos apóstolos (At 19:35, 36) parecem ter correspondentes no mundo dos super-heróis.
Mulher Maravilha é de uma ilha mítica de amazonas, onde as guerreiras têm frequentes encontros com os deuses. Ela foi feita do barro e a vida lhe foi dada pelos deuses. Sua roupa é sensual e leva as cores da América do Norte, apesar de ela ser grega. Frequentemente, a Mulher Maravilha é retratada invocando o nome da rainha das deusas gregas, dizendo “grande Hera!” Ela oferece incenso aos deuses e luta com seres mitológicos. Seu nome, Diana, é de uma deusa muito popular na Roma antiga, identificada como Artemis, a deusa da caça e da Lua. Diana era a deusa da caça, e em Éfeso era um tipo de deusa mãe virginal. Seus adoradores foram inimigos dos apóstolos.
Aquaman, que comanda os seres marinhos, frequentemente é retratado com o tridente de Netuno. Atualmente, seu visual com barba e cabelos longos lembra ainda mais o deus mitológico marinho chamado pelos gregos de Posseidon.
O super-rápido Flash, em seu visual original, usava um elmo com asas em homenagem ao deus Hermes, o veloz mensageiro dos deuses.
Lanterna Verde usa a luz para materializar objetos. Apolo era um deus grego da luz e da arte. Apolo também era arqueiro, e há um arqueiro na LJ.
Os gregos tinham um deus da guerra chamado Ares, Marte para os Romanos. A Liga da Justiça tem um marciano chamado Caçador de Marte!
O deus Efesto, o ferreiro, pode ser equiparado ao personagem Cyborg e a ciência que trabalha com metais e máquinas.
Os deuses egípcios Ísis e Hórus estão presentes por meio de personagens como Gavião Negro e Mulher Gavião, por vezes retratados como alienígenas. Gavião é um arqueólogo que recebeu a reencarnação e os poderes do faraó Queóps. Gavião Negro e Mulher Gavião são um casal que prometeu se encontrar em todas as reencarnações.
Batman já foi comparado ao sombrio deus Hades,[2] pois os dois são do trio principal de personagens, e Hades mora no submundo, assim como Batman tem seu esconderijo numa caverna.
Superman é por vezes associado a Zeus/Júpiter: eles voam, são os líderes e se disfarçam de pessoas comuns e indefesas para andar entre os homens. Zeus é por si só uma paródia pagã de Jesus. Veja como ele é descrito por um crítico da série “O Reino do Amanhã”, considerada um grande clássico da DC Comics: “Extrapolando o fato de o Superman ter sido o primeiro dos super-heróis, aquele que fez nascer os demais, uma espécie de ‘Zeus’, simbolicamente falando, Waid apresenta-o assumindo uma autoridade paternalista, um veterano por trás das atitudes mais enérgicas adotadas para consertar o mundo a qualquer custo”.[3]
Mitologia, religião e espiritualismo são as inspirações da DC Comics que chama seus três personagens principais – Superman, Batman e Mulher Maravilha – de “Trindade”. Entre seus heróis também está o Espectro, um ser ancestral que possui o corpo de  homens usando-os como médiuns pelos quais desencadeia sua vingança, sendo o último deles o próprio Lanterna-Verde,[4] fato que lembra muito o Templo de Apolo e seus videntes, de acordo com a comparação que já fizemos entre o deus Apolo e o Lanterna-Verde. Mas Espectro teria um papel ainda mais interessante na principal obra de HQ dos anos 1990, Kingdom Come (O Reino do Amanhã, em português), um título que no original se trata de um trocadilho lembrando a expressão do Pai Nosso e a escatologia do reino de Deus implantado na Terra. A revista foi um sucesso mundial, com desenhos realistas de Alex Ross e texto de Mark Waid. Sendo uma alusão direta à literatura cristã escatológica,[5] fãs reconhecem nela uma versão com super-heróis do Apocalipse da Bíblia.[6] Nela, o Espectro como um espírito sai do vitral da igreja, do meio de imagens de santos, e dá visões do fim ao pastor Norman MacCay, que descreve os acontecimentos com textos bíblicos. O personagem do pastor MacCay foi desenhado com a aparência do pai do desenhista, um pastor protestante na vida real, fato que mostra o quanto os autores desses super-heróis são influenciados por suas crenças e de onde tiram suas ideias.[7]
Em Reino do Amanhã, o Coringa matou centenas de pessoas explodindo os amigos do Superman no planeta diário, incluindo a famosa Lois Lane. Preso, o Coringa está indo a julgamento quando é morto por um herói que ajudou o Superman. Esse herói chamado Magog é julgado e inocentado, o que causa desgosto no senso de justiça de Superman, que se retira, deixando o mundo por si mesmo.
O mundo sem Superman se parece com a tipologia de Jesus deixando a Terra, até porque, no momento de caos, em O Reino do Amanhã, ele voltará para salvar e reunir seus “anjos”. Magog é um personagem encomendado para essa estória, com aparência de bode. Ele é um herói, mas, na Bíblia, Magog é um símbolo para os inimigos do povo de Deus. Compreende a inversão?
Com a retirada de Superman, todos os velhos heróis da LJ se aposentam e vão ficando velhos, e uma nova geração de heróis aniquila o mal, mata ou prende todos os vilões concedendo um tipo de “milênio de paz” ao mundo, embora na revista seja um período bem mais curto. Entre esses novos heróis estão nomes muito sugestivos como Dama Demônio, Demônio Azul II e 666. Superman é mostrado na estação espacial do Lanterna Verde reunindo os heróis numa mesa esmeralda, o que lembra muito as visões celestiais.

Quando o mundo se torna ameaçado pela nova geração de heróis, Superman retorna influenciando sua velha equipe, que com muitos conflitos internos se reúne para uma última grande batalha. Um armagedom da DC Comics! E o que se concluí ao longo dessa minissérie? Nas palavras dos especialistas em quadrinhos, a crença em ídolos, líderes e forças superiores é lentamente posta abaixo ao longo da história. Obcecadas com seus próprios objetivos, as figuras centrais se desmoronam em decepção”.[8]
Então é essa a colaboração dos super-heróis? Depois que o religioso se torna mito e o mito se torna ficção, o que sobra? O ateísmo?
O Reino do Amanhã termina com um último grande apelo à idolatria, parodiando Satanás que é solto para seduzir as nações após o milênio. Lex Luthor consegue dominar a mente do Capitão Marvel, que luta com Superman tentando impedi-lo de salvar a todos. Por fim, o próprio Capitão Marvel salvará os homens e matará a maioria dos super-heróis numa explosão nuclear, e o Superman assumirá seu papel de novo messias na ONU dirigindo a humanidade.
De fato, sabemos sobre a origem do personagem do Capitão Marvel que ele recebe seus poderes invocando um bruxo chamado Shazan, que cultua estátuas de Salomão, Aquiles, Atlas, Hércules e Hermes, que dão poderes a um menino para ele se tornar o Capitão Marvel. Percebeu que Salomão foi sutilmente reduzido a um mito? Mas, na maioria das vezes, essas estátuas são mostradas apenas como ídolos com aparência demoníaca.
Contrariando a história de Abrão na Bíblia, que foi chamado por Deus para “sair” de Ur dos Caldeus, o mais poderoso mágico do universo DC é um arqueólogo que vai até as ruínas de Ur e encontra uma ordem de bruxos que lhe dá um capacete e um amuleto que o transformam no herói conhecido como Senhor Destino. Ele não é o único mágico “herói” membro da LJ. Há também Zatana, uma ilusionista sempre desenhada com decotes e roupas sensuais. Ela aprendeu magia do pai, que foi amaldiçoado por um demônio.[9]
Tornado Vermelho é um robô possuído pelo espírito de um alienígena, e Vixen é uma africana que usa um colar ou totem feito pela entidade espiritual Ananse.[10] No mundo dos quadrinhos e filmes de heróis, um deus, espírito ou alienígena é muitas vezes a mesma coisa. Vixen incorpora o “espírito” de todos os animais ao tocar no totem. A explicação pseudocientífica é que ela adquire em forma humana os poderes genéticos desses animais, mas não passa de puro espiritismo, mais uma vez baseado na idolatria pagã. Poucos sabem que Ananse é um mito de tribos africanas que conta a história de um “deus homem-aranha” que, para satisfazer o “deus dos céus”, desce à Terra em sua teia e engana os animais e os seres  planeta.
A equipe de heróis mais jovens e adolescentes da DC Comics é conhecida como Titãs ou Jovens Titãs, ou no desenho do Cartoon Network, Teen Titans. Na mitologia, os Titãs são deuses que se rebelaram e foram jogados no inferno pelos olímpicos, o que seria o nosso equivalente aos demônios.
Entre os Teen Titans se destaca Raven, uma moça de aparência EMO com capa de druida e um pingente em forma de terceiro olho na testa. Raven ou Ravena é filha de uma humana com um demônio chamado Trigon, e luta pelo bem usando seus poderes mágicos, entre eles sair do próprio corpo. Nas revistas, Raven morreu e ressuscitou; seu espírito foi invocado em sessões espíritas, entre outras práticas satanistas.[11]
Obviamente, se os heróis são ocultistas na LJ, não esperaríamos menos de seus inimigos da Legião do Mal. Solomon Grundy é um zumbi, fruto de alguém que ressuscitou num pântano de Gothan City, com todos os espíritos maus mortos ali incorporados nele. Giganta é uma gorila evoluída em mulher.[12] Até mesmo Lúcifer faz parte dos personagens da DC Comics e tem sua própria revista, onde é desenhado como um bem apresentado anjo loiro.
Magia é a origem dos poderes de muitos dos super-heróis da DC Comics junto com a identidade ligada à mitologia ou a seres alienígenas. Grant Morrison, que trabalhou em alguns dos maiores projetos da DC Comics, entre eles Batman e Superman, admite a equivalência dos super-humanos com a mitologia. Ele chegou a lançar um livro sobre a história dos quadrinhos intitulado Superdeuses.
Ele não foi o primeiro a perceber que os deuses só haviam sido vestidos de roupa colante e capa colorida: “Quando você vê fãs vestidos como seus heróis favoritos em convenções de quadrinhos, você está vendo o mesmo tipo de culto que foi desempenhado uma vez no antigo mundo pagão, onde celebrantes se trajavam como seus objetos de culto e ordenavam seus dramas em festivais e cerimônias.”[13]
Se os personagens da DC Comics são apenas ficção, por que haveria algum perigo? Paulo deixa claro que os deuses e os ídolos não são deuses reais, mas estão ligados a homenagem aos demônios!
“Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que eles sacrificam, sacrificam-nas a demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios. Ou provocaremos a zelos o Senhor? Somos, porventura, mais fortes do que Ele? Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1Co 10:19-23).
Será que convém participar do universo obscuro dos super-heróis?
O universo DC Comics é totalmente repleto de bruxaria. A magia proibida na Bíblia (At 19:19) esteve entre os pecados abomináveis (Dt 18:10), objetada junto com a consulta aos mortos (Lv 20:27), outra prática comum nas histórias de super-heróis que muitas vezes morrem e voltam à vida. Mágicos na Bíblia sempre são os enganadores, ilusionistas e rivais dos profetas e apóstolos. Assim foi com os magos de faraó em oposição a Moisés, os magos de Nabucodonosor que competiam com Daniel ou com Simão, o mágico que enganava nos dias dos apóstolos. Na Bíblia, magia é a prática de buscar os poderes e as ilusões do diabo (veja At 13:8-10).
Mas às vezes a magia tenta ser justificada com um disfarce de ciência. No universo DC Comics, os “deuses” são as raças mais evoluídas e imortais no Universo, não necessariamente algo como um “Criador”. O Big Bang é tudo, e os heróis que voltam no tempo apenas veem uma misteriosa mão segurando o cosmos que está nascendo.
Os Novos Deuses são uma raça criada após uma batalha cósmica, dando origem ao planeta do bem, Nova Gênese, e o planeta do mal, Apokolips. Nova Gênese é governada pelo Pai Celestial, um velho imortal com um cajado na mão. Ele é chamado de Isaya, que lembra o nome Isaías, cujo significado é “Jeová é Salvação”. Esse imortal deu seu filho, conhecido como Sr. Milagre, para o líder de Apokolips, Darkside (nome que significa “lado negro”). Darkside, por sua vez, deu seu filho para ser criado pelo Pai Celestial, sendo chamado de Órion. Semelhança com a Bíblia?
Sr. Milagre, o filho do Pai Celestial, vive entre os demônios de Apokolips, mas foge, vindo à Terra e se passando por humano, adotado por um artista de circo e se tornando um “escapista” conhecido como Sr. Milagre.[14] Ele chegou a ser retratado como um escapista crucificado de cabeça para baixo, típico deboche satanista para a cruz de Cristo. É simplesmente blasfêmia!
Dizer que os super-heróis são diferentes dos ‘deuses pagãos’ porque os super-heróis são apenas projeções da imaginação humana seria dar realidade aos deuses que na verdade são exatamente a mesma coisa, segundo a Bíblia. Portanto, não há diferença nenhuma!
Na sociedade pós moderna, o termo “ídolo” está tão banalizado que o usamos sem pensar nas reais consequências. Temos ídolos na música, ídolos do cinema e da TV, e ídolos do esporte. Eles demandam tempo e atenção e, por isso, na realidade, tornam-se deuses. Alguns os servem e cultuam e não pouco dinheiro é devotado a eles. A todos os cristãos é bom lembrar: “Quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?” (Gl 4:8, 9).

Referências:
[13] Christopher Knowles, Nossos Deuses Usam Colante, citado por Iuri A. Reblin em http://www.espacoacademico.com.br/086/86res_reblin.htm

Idolatria e ficção no século 21